"PRINCESA DO AS FALTO"
Sol escaldante... Quarenta graus, ou mais!?!
O asfalto, parece se decompor em vapor, confundindo as vistas e fazendo miragem,
deixando fluir, seu odor de enxofre e chegando próximo a chamas... Boca do inferno!
Lá vem um busão, mais carros, outro caminhão, soltando bafo quente em tufos de
fumaça carbônica, manchando até a alma de quem ousa viver... Louco pra morrer... Pois,
não bastasse, todo esse inevitável cenário, que principia o fim... Outro transeunte,
enchendo o peito, perdendo o respeito com seu cigarro maldito. Vai tragando a vida,
alimentando a ferida, vem soltando fumaça, com cara de prazer e, ops... Isso não!!!
Engula também a bituca!?! Não aumente o lixo que impermeia o chão!?! Vá passando...
Aqui não. Não me ouviu, p.q.p.!!!
Aquela fábrica!!!
Alimenta tantas vidas!?!
Que gente iludida... Vai matando e morrendo, pensando estar crescendo, vão produzindo
veneno... Olhe a chaminé!?! Parece aquele fumante, vai ver ele, ainda não morreu... Apenas
cresceu, pra matar melhor!!!
Voltando à gente dessa fábrica. Todo dia eles se sentam aos meus pés, espalham sujeira,
falam besteiras, fofocas do dia a dia... Se namoram, se beijam... Já vi começos e fins de
romances, muitos proibidos... Homens infiéis, mulheres traindo maridos, projetos de greves,
ah!!! Não vem aocaso... de certo mesmo?!?
Ninguém nunca me deu nada... Falam que gostam de mim, apreciam minha sombra, meu cheiro,
meus frutos... Benditos e malditos frutos, que já nascem de luto... Em vestes negras da poluição!
Mas uma gota de água, um afago, uma mexida na terra batida, que liberte minhas raízes do
poder do asfalto... Nada.
Só por Deus... Quando a chuva vier, vencendo a nuvem negra da poluição, talvez, me traga um
pouco de alívio e renove este resto de vida, que teima permanecer em mim.
Se escasseiam meus frutos, folhas que não aguentam mais o peso dos restos do ozônio, que
caiu lá de cima... Meu tronco sede, minha raiz desiste de lutar... Estou tremulando!!! Não para
saudar a primavera, que não aguentei esperar...
Adeus namorados, carros, ônibus, caminhões... Á fábrica da morte, ao fumante... Olha, estou
te esperando lá!?! Sei que não vai demorar!!!
Estou perdendo minhas forças, minha visão mistura tudo: Gente, fábrica, caminhão, carros, ônibus,
asfalto, vida, morte, fumante, calor e chuva... Chuva?!?
Esperança de vida pra mais uma estação.
"Esperança de vida em meu coração"
Deus é por todos... As vezes precisa cuidar de coisas maiores!?!
Se, ti faço, tão bem?!?
Até quando vai me deixar, sujeita às intempéries do tempo e da natureza urbana, que expele fumaça
e veneno pelas ventas?!?
Cuida de mim, e cuidarei que a vida se faça, e teus olhos possam ver um pouco de verde, ter o sabor
da fruta, o cheiro das folhas, a sombra vencendo o inferno cinza e quente do teu infinito verão.
Sou um simples, pé de goiaba à beira do asfalto, vencendo a tudo e a todos os contras, provando à
você, o poder da vida, e que nada sobrevive ou morre, sem a permissão ou a vontade de Deus!!!
Enfim... Final feliz.
Até quando?!?
GERALDO.
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